Torgas Vivas | Exposição de Escultura de Arlindo Pereira – 28 maio a 21 junho 2021

Fundação Lapa do Lobo – Redução de Atividades
Ciclo de Autor dedicado a Miguel Torga
Fundação Lapa do Lobo – Redução de Atividades
Ciclo de Autor dedicado a Miguel Torga

“Mundo apenas pretexto…” (Cântico, Miguel Torga)

Mundo em que as raizes de urgueira, as torgas, são apenas pretexto para uma viagem ao imaginário. Raízes eleitas de Miguel Torga, as Torgas, agora, Vivas tornam-se pretexto para recordar os mundos do escritor. “Raizes muito agarradas e duras” ,  que pela mão de Arlindo Pereira se transformaram em bichos, rostos, figuras míticas… visões da natureza, mas também do inferno e do sagrado, do que se esconde em cada homem.  Esculturas apenas pretexto para um poema.  “Mundo apenas pretexto doutros mundos”.

ARLINDO PEREIRA – “Um Escultor de Torgas”

Desde criança, Arlindo sempre teve o prazer de brincar com a madeira. Mas a vida não permitiu que fosse essa a sua arte.

Numa reviravolta de destino, em 2012, as torgas (raízes de urgueira) reacendem-lhe a paixão. Arrancadas da terra queimada, destinadas ao sistema de aquecimento central doméstico, com suas formas irreverentes as torgas despertaram-lhe a imaginação. Pareciam formas vivas, querendo soltar-se das raízes sujas. Uma ideia se instalou em sua mente: porque não dar uma nova «vida» a estas raízes?

As sujas “torgas” transformaram-se em formas animais, estranhos bichos, rostos incertos, labaredas permanecentes em resquícios de outrora, projetos artísticos da memória do povo e das entranhas da terra, homenagem ao trabalho duro de uma vida na relação íntima com a natureza e o campo. As suas “torgas” revelam a arte poética dos artesãos apaixonados pelas belezas da terra, pelo encanto dos montes, pelos segredos da vida, assim revelados em talhes singelos de lâmina afiada sobre a madeira seca, escapando às labaredas do inferno. As “sujas torgas” transformam-se em histórias de vida contadas à lareira de antigamente, retratadas em imagens em movimento, imagens figurativas que por vezes escapam a uma explicação consciente.     

Torgas Vivas: raízes da fantasia!