A primeira edição da conferência ENCONTROS DA EDUCAÇÃO E DO PENSAMENTO, integrada na programação do Projeto Alcateia – Serviço Educativo da Fundação Lapa do Lobo (FLL), realizou-se no passado dia 2 de abril, entre as 9h30 e as 19h30, no Auditório Maria José Cunha.
Ao longo de um dia intenso de partilha e aprendizagem, foram 71 as pessoas que participaram nestes ENCONTROS, entre as quais representantes da Câmara Municipal de Carregal do Sal e da Câmara Municipal de Nelas, bem como das direções dos Agrupamentos de Escolas de Canas de Senhorim, de Carregal do Sal e de Nelas.
Para além de participantes do território abrangido pela FLL, a conferência contou com a presença de pessoas de Viseu, Caramulo, Coimbra e Porto. Do número total, cerca de 20 eram professores ou educadores, os restantes inscreveram-se como pais, artistas, animadores culturais, psicólogos ou simplesmente como pessoas curiosas e interessadas em temas pertinentes para a sociedade.
A abertura dos ENCONTROS DA EDUCAÇÃO E DO PENSAMENTO ficou a cargo de Carlos Torres, Presidente do Conselho de Administração da FLL, e de Ana Lúcia Figueiredo, Coordenadora e Programadora do Serviço Educativo da FLL.
Como escreveu o pedagogo e filósofo Paulo Freire: Uma das tarefas mais importantes da prática educativa-crítica é propiciar as condições necessárias em que os educandos nas suas relações (…) ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos.
Esta citação da obra “Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa” acompanhou todo o processo de pensamento, conceção, divulgação e realização da conferência, uma vez que sintetiza os pressupostos pedagógicos do Serviço Educativo da FLL.
Estes ENCONTROS pretendem ser um espaço aberto de debate e reflexão sobre questões transversais à prática educativa e à educação para o pensar, em contexto formal e não formal. Em cada edição, os oradores convidados são desafiados a partilhar, com uma plateia heterogénea, experiências, teorias e inquietações.
Nesta primeira edição, o debate centrou-se na criança e alargou-se a conceitos como prática escolar, autonomia, cidadania, infância(s), arte, fruição, valores, família, bem-estar, vinculação afetiva, entre muitos outros.
A conferência dividiu-se em três painéis: o Painel 1 – A Escola e a Criança, o Painel 2 – A Arte e a Educação e o Painel 3 – A Família e o Bem-Estar. Este último painel foi pensado em parceria com a CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Nelas, integrado no Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância. Todos os painéis foram moderados por Ana Lúcia Figueiredo, contando, no total, com seis oradores.
O Painel 1 contou com comunicações de José Pacheco, mentor do projeto Escola da Ponte e pedagogo português há vários anos residente no Brasil, e Gabriela Trevisan, investigadora na área da Sociologia da Infância e professora na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, no Porto. O primeiro falou de “Aprender em Comunidade”, partilhando o seu conhecimento e a sua experiência com práticas educativas mais inclusivas (e, para alguns, mais radicais), que concretizam uma escola centrada nas pessoas, nos valores e nos afetos; a segunda trouxe para reflexão “Cidadania Infantil e Direitos das Crianças”, chamando a atenção para a importância de dar voz às crianças, promovendo espaços de participação e co-decisão.
No Painel 2, as oradoras foram Madalena Wallenstein, Coordenadora e Programadora da Fábrica das Artes – Projeto Educativo do Centro Cultural de Belém, e Elisa Marques, Coordenadora da Equipa do Programa de Educação Estética e Artística da Direção-Geral de Educação/Ministério da Educação e Ciência. No primeiro caso, foi apresentada “Uma Fábrica para todas as Infâncias”, expondo ideias preconcebidas sobre o conceito de infância e propondo o tríptico: estética da infância, estética artística e estética relacional, numa procura do comum; no segundo caso, sob o título “Ao sabor das Palavras”, defendeu-se o estatuto da arte como área do conhecimento, desfazendo equívocos no que diz respeito ao significado de conceitos associados à arte, como educação artística e ensino artístico.
No Painel 3, as comunicações foram de Magda Rocha, investigadora na área da Psicologia, e de José Brito Soares, Coordenador do Centro de Estudos, Documentação e Informação sobre a Criança do Instituto de Apoio à Criança. A primeira oradora deu a conhecer alguns dados sobre “Vinculação e Família(s)”, referindo-se à importância da criação de laços emocionais seguros na exploração adaptativa do mundo; o segundo orador colocou a questão “Criança(s): Bem-Estar – que Realidade?”, indicando vários estudos e experiências sobre os níveis de bem-estar e o índice de felicidade das crianças em Portugal, atendendo à criança, mas também à realidade que a envolve.
Depois do Painel 3, foi exibida a Mostra do Filme Solidário – I LOVE 2 HELP, especialmente dedicada ao tema da educação, numa parceria com a organização não-governamental Help Images, representada na conferência por Cristina Nogueira.
No fim do dia, foram partilhadas as notas finais pelas relatoras Carla Marques, docente do Ensino Secundário e investigadora na área da Linguística, e Liliana Garcia, jornalista. A primeira apresentou uma síntese de todos os painéis e a segunda irá escrever, posteriormente, um texto mais alargado sobre estes ENCONTROS. Os últimos dois pensamentos deixados pelas oradoras à plateia foram: cada um de nós deve “caminhar, em vez de ficar preso” e “mais do que saber, importa ser”. Sejamos, então, sem nunca deixarmos de caminhar. Pelo menos, até à próxima edição dos ENCONTROS DA EDUCAÇÃO E DO PENSAMENTO!