INFORMAÇÃO – Rastreios
Concerto com Trio Portenõ e Ricardo Neves
“A Beatriz agarra com a mão húmida o pulso de Daniel. / – Não me deixes aqui… Não me deixes sozinha… – choraminga. / O Daniel passa-lhe o braço à volta dos ombros e o Rufo lambe-lhe o pé descalço e sujo. Com um solavanco, o elevador continua a subir para as alturas. Treze, número de sorte.”: este é o final do livro “Escrito na Parede”, da escritora Ana Saldanha, obra escolhida para a quinta edição do Concurso de Oratória “Texto puxa Palavra”, promovido pelo Projeto Alcateia – Serviço Educativo da Fundação Lapa do Lobo (FLL) e pelo Clube de Oralidade do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal.
Depois de uma fase de escola, as provas públicas finais do Concurso foram apresentadas no Auditório Maria José Cunha, na FLL, no dia 2 de março. Os concorrentes foram 24 alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico dos Agrupamentos de Escolas de Canas de Senhorim, de Carregal do Sal e de Nelas.
Este Concurso, idealizado por Carla Marques, docente responsável pelo Clube de Oralidade do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, procura sensibilizar o público mais jovem para a importância do desenvolvimento dos diferentes domínios associados à capacidade de nos expressarmos em público. A partir de provas de leitura expressiva, dramatização e argumentação, inspiradas numa obra literária, premeiam-se, em cada ano, os melhores oradores, com livros, filmes e cheques-oferta fnac.
Na edição deste ano, fizeram parte do Júri a escritora Ana Saldanha e, uma vez mais, o encenador António Leal e a investigadora/professora da Universidade do Porto Ana Mouraz, que puderam partilhar algumas considerações a partir do seu conhecimento e da sua experiência, em cada uma das áreas respetivas das provas.
Assistiram à fase final de “Texto puxa Palavra” cerca de 120 pessoas, entre alunos e professores daqueles agrupamentos de escolas.
No dia anterior, 1 de março, a autora Ana Saldanha visitou estes três Agrupamentos de Escolas, num “Encontro Literário”, durante o qual todos os concorrentes, outros alunos e alguns professores (num total de cerca de 180 pessoas) foram convidados a conversar informalmente com a escritora e tradutora, sobre a escrita, o processo criativo, as obras, as personagens… Com estes encontros, o Projeto Alcateia pretende proporcionar o contacto com escritores e obras literárias, promover a leitura, o livro e a literatura, estimular a discussão e a reflexão sobre temas pertinentes e, sobretudo, criar espaços de expressão para o público jovem.
A presença de Ana Saldanha possibilitou ainda a realização, no dia 3 de março, de “Escrever (par)a Infância”, um workshop de escrita criativa, através do qual se procurou promover a escrita como recurso de pensamento, de expressão e de comunicação, sensibilizar para a importância da palavra e do discurso e desenvolver competências criativas e expressivas.
O grupo de participantes no workshop, com idades entre os 32 e os 68 anos, chegaram de localidades vizinhas como Carregal do Sal, Oliveira do Conde, Cabanas de Viriato, Nelas e Canas de Senhorim, bem como de concelhos como Mangualde, Gouveia e Penalva do Castelo, partilhando entre si o interesse pela leitura, pela escrita e pela infância.
Como citou a escritora (do seu livro “Para o meio da Rua”): “Tenho uma cave na minha infância, como todos temos uma cave, que pode ser no sótão ou ao fundo do jardim ou na minha cabeça ao adormecer.”