Projeto Alcateia > Relatório 2019

  • Afonso Cruz
    Percebi que estava cada vez mais inutilista e que pensava em coisas só pela beleza… (…) Por isso, jamais deixarei de me sentar ao seu lado, com metáforas na garganta, a trocar inutilidades. Tenho milhas a percorrer antes de dormir.
    Afonso Cruz
    "Vamos comprar um Poeta"
O filósofo alemão Friedrich von Schiller afirmava que “é pela beleza que chegamos à liberdade”, pressupondo uma relação entre estética e ética. Para Platão, o Belo seria a realização efetiva do Bem. O pedagogo Paulo Freire escreveu que “a educação é (…) um ato político, ético e estético”. Também na prática da educação estética e artística, a compreensão do Belo potencia experiências no plano das ideias, das emoções e dos valores. É desta forma que se torna possível refletir, agir e transformar, em consciência, a realidade e a nossa relação com ela.

A ação do Projeto Alcateia baseia-se neste encontro entre a dimensão estética e a dimensão ética das atividades e dos projetos pensados para cada público-alvo. E a programação para o ano de 2019 foi particularmente inspirada por esta ideia de Belo, um conceito normalmente abordado por associação ao ‘gosto’. Neste caso, ele foi considerado na sua relação mais abrangente com o processo de conhecimento e desenvolvimento pessoal. Estas propostas foram as que revelaram pesquisas, formatos, conteúdos, linguagens e pessoas mais diversos, com opções estéticas tão pertinentes quanto diferentes.

O silêncio e a biodiversidade, os poetas e o quotidiano, a música e o marisco, o amor e os objetos, a escultura e o alfabeto, a imaginação e o espaço, os desenhos e a fantasia… Nesta programação, a ciência cruzou-se várias vezes com a poesia. E ambas com o Belo. Esperemos que o público se tenha cruzado com ele também, mesmo que tenha sido num encontro de aparente inutilidade!

E foi com muitas metáforas que o ano de 2019 aconteceu, cumprindo-se uma vez mais o Plano de Ação e os objetivos anuais do Projeto Alcateia.

Objetivos Específicos

  • Proporcionar o acesso a objetos artísticos que sensibilizem para diferentes formas de Belo, no mundo e na vida;
  • Insistir na dinamização de alguns projetos nos diferentes estabelecimentos escolares, de modo a manter um conhecimento atualizado e uma proximidade regular com espaços, contextos e agentes;
  • Continuar a reforçar a colaboração com artistas e outros profissionais que possam criar e/ou desenvolver efetivas relações humanas e territoriais, a partir da intervenção do Projeto Alcateia junto dos respetivos públicos-alvo;
  • Dar continuidade à oferta regular e diversificada para públicos distintos: escolas (todos os níveis de ensino), famílias, agentes educativos, crianças/jovens e outros públicos ocasionais.

Características e Contexto das Ações

Ao longo deste ano, foram 19 as atividades propostas para os mais diversos públicos, desde espetáculos, sessões de cinema, oficinas, exposições, ações de formação e outros encontros, todos eles convites à descoberta e à experimentação.

Para além do envolvimento dos Agrupamentos de Escolas, IPSS e Escolas Privadas de Canas de Senhorim, de Carregal do Sal e de Nelas, o Projeto Alcateia procurou o envolvimento das famílias, assim como do público adulto, designadamente os agentes educativos, em formatos de ação de formação, em áreas de cruzamento entre a prática artística e a prática educativa.

No total, foram 4678 os participantes em atividades e projetos do Serviço Educativo da Fundação, em 2018. Este número de público só foi possível com a colaboração de 40 profissionais (artistas, companhias e formadores), alguns dos quais colaboradores regulares do Projeto Alcateia.

A programação aconteceu no Auditório Maria José Cunha e na Galeria de Exposições, mas também nas salas de aula e nas bibliotecas escolares.
  • in texto do espetáculo
    A poesia é um dedo espetado na realidade. Um poeta é como quem sai do banho e passa a mão pelo espelho embaciado para descobrir o seu próprio rosto. Era isto que ele me dizia. Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir.
    in texto do espetáculo
    “Vamos comprar um Poeta”
As ações do Projeto Alcateia são também uma tentativa de espetar o dedo na realidade, no sentido de tornar visíveis outras possibilidades de aprender, pensar, sentir e crescer. A poesia, considerada no seu sentido mais lato e profundo, é um modo de ver e de ver melhor: ver melhor a beleza das coisas, das pessoas e dos acontecimentos. E esse exercício só é possível se conjugarmos estética e ética, como antídotos para a eventual falta de nitidez da vida e do mundo.



Formação

No contexto formativo, à semelhança das restantes atividades, o Projeto Alcateia tenta sempre criar uma oferta diversificada, que continue a privilegiar os agentes educativos como público-alvo, mas que permita igualmente o acesso a outras pessoas interessadas. Assim, durante o ano de 2019, foram apresentados os seguintes momentos formativos:

  • “Laboratório Animatéria”, com o Teatro de Ferro, pretendia ser uma ação de formação de marionetas e formas animadas, aberta a todos os públicos maiores de 18 anos. No entanto, não se realizou por falta de inscrições.
  • “Karamázov – da Literatura para o Teatro”, com Sónia Barbosa, pretendia ser uma oficina de criação teatral, associada à apresentação do espetáculo “Dmitri ou o Pecado”. No entanto, também não se realizou por falta do número mínimo de inscrições.
  • “Despentear o Sentir”, com a artista Marina Palácio, foi uma ação de formação que foi adiada de 2018 para 2019, tendo sido concretizada com a participação de oito pessoas. A partir das oficinas de leitura e criatividade que a artista desenvolve com crianças, os participantes puderam experimentar diversos exercícios em torno dos livros e de diferentes modos de ilustrar.
  • “Coisas que são mais do que são”, com a atriz Adriana Campos, foi pensada para pais (ou mães, tios, avós…), mas aberta a todos os interessados. Realizaram-se dois módulos de três horas cada, com pequenos grupos de participantes, que responderam a vários desafios criativos a partir do universo artístico do espetáculo “Coisas que não são”.
  • “Se eu fosse um livro”, com o ilustrador André Letria, pretendia ser uma oficina de ilustração. No entanto, mais uma vez, não se realizou por falta de inscrições.
As propostas de formação, de um modo geral, responderam a objetivos como: promover novos recursos de pensamento, expressão e comunicação; desenvolver competências criativas e expressivas; promover a reflexão e o debate sobre educação; dar a conhecer distintos modelos, metodologias, práticas e teorias educativos, formais e não formais; sensibilizar para a importância da criatividade e da imaginação no desenvolvimento de competências; estimular espaços mais livres e democráticos para a relação de ensino-aprendizagem; contribuir para a criação de técnicas, metodologias e recursos didáticos interessantes e inovadores; promover a aprendizagem contínua. Apesar da importância e do reconhecimento destes objetivos, por parte dos públicos-alvo, é notório que o número de pessoas interessadas ou disponíveis tem vindo a diminuir, ao longo dos anos.


Espetáculos

Os espetáculos são provavelmente o formato de atividade que mais potencia a magia, a surpresa e o questionamento, mas também o que envolve maior investimento orçamental, por isso a sua escolha é sempre muito criteriosa, quer em termos artísticos, quer em termos educativos. Em 2019, os sete espetáculos programados tiveram em comum, para além da dimensão poética, uma dimensão de grande proximidade com o público, quer a nível do dispositivo cénico, quer a nível da relação entre intérpretes e espectadores.

  • “Vamos comprar um Poeta”, uma criação de Adriana Campos para alunos do 3º CEB, baseou-se no livro com o mesmo título, da autoria de Afonso Cruz. Com muita ironia e poesia, este texto põe em relevo vários tipos de relações, na família, na escola, no trabalho e na sociedade. É uma espécie de manifesto sobre a beleza e a liberdade.
  • “Eu gosto muito do Senhor Satie”, um concerto de Joana Gama para alunos do 1º CEB e Famílias, a partir da obra e da vida de Erik Satie. As histórias sobre a vida deste compositor francês, umas belas e outas curiosas, serviram de inspiração para um concerto comentado, o primeiro para a maioria dos jovens espectadores.
  • “I Love Satie”, um recital de piano de Joana Gama para todos os públicos, foi o ponto de partida para a versão do concerto comentado para crianças “Eu gosto muito do Senhor Satie”. Aproveitando a presença da pianista na FLL, fez todo o sentido apresentar também esta versão para adultos.
  • “O Bairro”, da autoria do ator/encenador Gonçalo Fonseca, dirigido a todos os públicos, foi associado à oficina de férias “Constrói o teu Mundo”, integrando nele a apresentação final dos participantes. Este espetáculo de teatro de objetos foi uma homenagem ao avô do encenador, a partir de memórias de infância. Também o grupo da oficina trabalhou a partir das suas próprias memórias.
  • “O Soldadinho”, uma proposta do Teatro de Ferro, a partir do conto de Hans Christian Andersen, dirigido ao Ensino Pré-Escolar e Famílias, é uma adaptação para teatro de marionetas, mantendo como centro da história o amor entre um soldado e uma bailarina.
  • “Coisas que não são”, uma criação de Adriana Campos/Projeto Teatro 2 em 1, para alunos do Ensino Pré-Escolar, sobre as emoções suscitadas pela ausência das pessoas que amamos, numa abordagem sensível e poética.
  • “A Voz do Rock”, um projeto musical com direção de Ana Bento/Gira Sol Azul, para todos os públicos, foi a inspiração para a oficina de férias “O Rock também é nosso”, durante a qual os participantes ensaiaram uma seleção de músicas de rock português. A apresentação final da oficina foi integrada no concerto “A Voz do Rock”, num encontro intergeracional.
As conversas no final dos espetáculos continuam a ser momentos de partilha e de liberdade de expressão para as crianças e os jovens, tendo-se tornado já uma componente do próprio espetáculo.

Todos os espetáculos apresentados foram de encontro aos seguintes objetivos: sensibilizar para a importância de valores e emoções, através da imaginação; envolver as crianças e os jovens na reflexão e no debate em torno de temas pertinentes para o seu crescimento e o seu desenvolvimento; estimular competências expressivas, criativas e afetivas; promover a sensibilidade estética e artística; proporcionar a fruição de objetos artísticos de criação nacional de qualidade.


Oficinas

O formato de oficina continua a ser muito importante na programação do Projeto Alcateia, pelo seu caráter laboratorial e de experiência individual e coletiva. Em 2019, foram desenvolvidas cinco oficinas distintas:

  • “Oficina do Silêncio”, uma oficina sobre silêncio, respiração, biodiversidade, ciência e poesia aquática, orientada por Marina Palácio e dirigida aos alunos do 5º ano.
  • “Constrói o teu Mundo”, oficina de férias de Páscoa, orientada por Gonçalo Fonseca, a partir de memórias e de objetos, trabalhados através da construção plástica e do teatro, com um grupo de crianças e jovens com idades entre os 6 e os 15 anos. A apresentação final da oficina foi integrada no espetáculo “O Bairro”.
  • “ECOS – Espaço.Corpo.Objetos”, oficina de férias de Verão, orientada por António Franco de Oliveira, da companhia Radar 360º, como proposta de malabarismo e manipulação de objetos, recorrendo às artes circenses como ferramentas pedagógicas, também com um grupo de crianças e jovens com idades entre os 6 e os 15 anos.
  • “A Casa dos Estrambólicos”, uma oficina de ilustração com André Letria, dirigida a famílias (com crianças a partir dos 6 anos), baseada no livro com o mesmo título.
  • “O Rock também é nosso”, oficina de férias de Natal, orientada por Ana Bento, inspirada numa seleção de músicas de rock portuguesas e dirigida a um grupo de crianças e jovens com idades entre os 6 e os 15 anos. A apresentação final da oficina foi integrada no concerto “A Voz do Rock”.
Em termos de objetivos partilhados em todas as oficinas, pode-se assinalar: proporcionar o contacto com linguagens artísticas como recursos de expressão, comunicação e investigação; estimular o espírito de curiosidade e de criatividade; potenciar o ato crítico e criativo; criar espaços de liberdade de expressão e de criação; estimular competências expressivas e criativas; proporcionar a descoberta e a experimentação partilhada, em processos artísticos de criação; suscitar a reflexão e o debate em torno de temas pertinentes.

Uma vez mais, este formato de ação, independentemente da linguagem artística ou área de conhecimento abordada, privilegia a participação do público em processos criativos, que apelam à autonomia, à autoconsciência, à inter-relação, à descoberta, à inovação, ao pensamento, ao respeito pela diferença, potenciando competências pessoais e sociais essenciais para uma educação integral e humana.


Outras Ações

As ações não integradas nas categorias anteriores foram:

  • “Foxi & Meg””, uma exposição com desenhos originais do ilustrador André Letria, que serviram de base para uma série de livros e de curtas-metragens, exibidas nas sessões de “Histórias Curtas”. Os participantes destas sessões puderam beneficiar de uma visita guiada pelo próprio autor à exposição.
  • “Histórias Curtas” mantém-se anualmente com as sessões de cinema de animação, pensadas em conjunto com o Cine Clube de Viseu, para públicos diferenciados. Em 2019, o tema em discussão foi a importância das imagens e as suas histórias, cumprindo os objetivos de promover a literacia fílmica; sensibilizar para o cinema e a linguagem audiovisual; dar a conhecer diferentes recursos, processos e técnicas do cinema de animação; estimular a reflexão e o debate em torno de temas pertinentes.

Comentários Partilhados pelo Público


Espetáculo “Vamos comprar um Poeta”

O projeto dirigido ao 3º Ciclo do Ensino Básico foi o espetáculo “Vamos comprar um Poeta”, que circulou por seis bibliotecas escolares. O livro de Afonso Cruz, que deu nome ao espetáculo, foi a inspiração para esta criação a solo, na qual Adriana Campos representa uma personagem adolescente que defende os altos benefícios da poesia, num texto tão irónico quanto inteligente. No final, foi possível os espectadores partilharem ideias, opiniões e outras questões como estas: “Surpreendeu-me a ideia de que de uma janela pequena podemos ver o mar grande, porque é mesmo verdade!”; “Gostei do momento em que [a personagem] defendeu aquilo em que acreditava”; “Foi inspirador da janela mostrar o mar”; “A sociedade é materialista, mas isto [poesia] também é importante”; “É a visão de alguém que vê mais do que as outras pessoas, que pensa e que sente…”; “Ela está a comer [numa biblioteca abandonada], porque é uma inspiração para ela”; “A personagem espantou-me, porque vê o mundo de duas maneiras”; “Surpreendeu-me o poeta, por causa das inutilidades que dizia e, afinal, é grande!”; “A lupa pode fazer-nos imaginar coisas que ainda não estão cá, que ainda não foram descobertas”; “O rolo de papel branco é como o rolo da nossa vida”; “A sensação que tive foi como se nós fôssemos migalhas, porque somos levados pelo vento, e somos aves, porque também levamos os outros”.


“Oficina do Silêncio”

As turmas do 5º Ano do 2º Ciclo do Ensino Básico receberam como proposta a “Oficina do Silêncio”, da ilustradora Marina Palácio, que aconteceu nos espaços escolares. Esta oficina de ‘poesia-ciência aquática’, tanto no desenho como nas palavras, pretendeu dar a conhecer o outro sentido das nascentes, dos rios e dos mares, através da observação singular da biodiversidade do elemento água. Ao longo da atividade, foram partilhadas muitas opiniões e ideias surpreendentes, como: “O silêncio dá-nos paciência”; “Senti que a minha imaginação cresceu e também as boas emoções que tenho”; “Em silêncio, temos a capacidade de nos escutarmos a nós próprios e tomarmos as decisões mais corretas”; “Foi emocionante, porque não estava à espera de coisas tão bonitas do fundo do mar”; “Às vezes, o silêncio também pode ser perigoso…”; “Nunca tive uma experiência assim.”; “O silêncio ajuda-nos a ter ideias.”; “A atividade teve muita imaginação”; “Percebi que o silêncio é importante e que o mar é um mundo de mistério”; “Senti que todos os seres vivos precisam de silêncio para conseguirem viver”; “O que mais me surpreendeu foi que, apesar de ser uma oficina do silêncio, é sobre a proteção dos animais e dos oceanos.”; “Esta é uma experiência que todos deviam ter!”.


Concerto comentado “Eu gosto muito do Senhor Satie”

Em “Eu gosto muito do Senhor Satie”, para além da interpretação de várias peças de piano, Joana Gama contou histórias e curiosidades sobre a vida e a obra do compositor francês, com o apoio das ilustrações de Paula Cardoso, terminando cada concerto com uma conversa informal, durante a qual as crianças (do 1º CEB) partilharam sensações, comentários e questões como: “Por que é que tocas tão rápido, Joana?”; “Como é que se apaixonou pela música do Senhor Satie?”; “Queria dizer que a Joana toca muito bem piano. Parabéns!”; “Onde se pode aprender a tocar bem piano?”; “Quantos metros tem o piano?”; “Eu também tenho um caderninho, como o Senhor Satie.”; “O Senhor Satie gostava mais de música clássica ou de música pop?”; “E, se não soubermos o caminho, para fazer uma caminhada [como o Senhor Satie]?”; “Esta música [Ogiva] era inspiradora!”; “Quantas horas toca por dia?”; “Como é que sabes tudo sobre o Senhor Satie?”; “Hoje, a minha professora não pôde vir, por isso vou fazer um desenho para lhe mostrar como foi o concerto.”; “Por que é que algumas músicas são alegres e outras não?”; “Queria ouvir mais músicas…”.


Espetáculo “Coisas que não são”

O espetáculo “Coisas que não são” circulou pelos jardins de infância da região, desafiando crianças e adultos a pensar e a sentir, de forma tão terna e poética quanto oportuna e pertinente, as relações com aqueles que nos rodeiam: pessoas extraordinárias, importantes ou especiais, pessoas desconhecidas ou anónimas, pessoas por perto ou ao longe, pessoas presentes ou ausentes. “Porque hei-de guardar tantas pessoas no meu casaco?”, perguntou a protagonista Menina Pessoas. E o público, entre os 3 e os 5 anos, respondeu: “Para não te esqueceres delas”, “Para não estares sozinha”, “Porque já morreram”, “Para brincarmos com elas”, “Para não chorarmos”, “Porque os amas”… A Menina Pessoas continuou: “Como é que se guarda o amor?” e uma menina respondeu: “No colo”. “E vocês, quem guardavam no bolso?” foi a pergunta final que a Menina Pessoas lançou a todos.