Nos dias 20, 21, 22, 24, 26, 27 e 28 de abril, o Projeto Alcateia – Serviço Educativo da Fundação Lapa do Lobo apresentou 16 sessões do espetáculo de teatro “Deixa-me Ser”, em mais uma coprodução com as Comédias do Minho, ao qual assistiram 820 pessoas, entre pais e filhos, alunos e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico dos Agrupamentos de Escolas de Canas de Senhorim, Carregal do Sal e Nelas.
Quem nunca ouviu, a determinada altura na vida, a pergunta “O que queres ser quando fores grande?”? A partir desta questão, que impõe à infância uma espécie de futuro antecipado, desenvolveu-se um espetáculo-jogo, em (des)equilíbrio entre realidade e imaginação, num ambiente a preto e branco, onde todas as escolhas são possíveis.
Mas, “Afinal, o que é ser grande? Se calhar, é quando tiver a resposta. Se calhar, ser grande é ter as respostas. Saber das coisas. Porque cai a chuva? Porque se mexe a lua? Mas, então, nunca ninguém era crescido.” Esta é uma das falas do espetáculo, cuja proximidade lúdica com o público suscitou reflexões profundas e surpreendentes sobre o tema da infância, nas conversas finais entre artista e crianças. Foram partilhados pensamentos e sensações como: “[A personagem] era uma criança indecisa, se queria crescer ou não”; “[O espaço branco do cenário] é a zona da imaginação dele”; “Eu gostava de perguntar às pessoas adultas que aqui estão se queriam voltar a ser crianças!”; “Eu gostei deste teatro, porque demonstra algumas coisas que nós gostávamos de fazer e que não podemos, porque os nossos pais não nos dão tanta liberdade”; Isto foi um teatro com ligação à realidade e à imaginação”; “[Ele está todo de branco] porque ele disse que, quando for grande, quer ser tudo. Então, aquilo quer dizer a imaginação dele, está tudo em branco e vai pondo a sua imaginação”; “Este espetáculo parece uma mistura do Dia da Criança com o Dia da Liberdade”… A liberdade de ser e de crescer, a brincar.
No livro “O Brincador”, escreve Álvaro de Magalhães: “Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor. Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for. Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for. Quando for grande, quero ser um brincador.”
Foi também este pensamento sobre a infância, que remete para o direito a brincar (juridicamente consagrado), que inspirou a equipa artística deste espetáculo, constituída por Luís Filipe Silva (criação), Nuno Preto (criação e interpretação), Ricardo Alves (apoio à dramaturgia) e Inês Mariana (cenografia).
Com esta proposta, procurou-se sensibilizar para a importância do brincar; envolver as crianças na reflexão e no debate em torno de temas pertinentes, como a infância, o crescimento e a educação; estimular competências expressivas, criativas e afetivas; promover a sensibilidade estética e artística.