Inauguração Exposição: “Cadeiras, Mesas e Outras Coisas”
Cinema na Fundação Lapa do Lobo
No passado dia 4 de outubro, às 14h30, o Projeto Alcateia – Serviço Educativo da Fundação Lapa do Lobo (FLL) apresentou o Seminário “Diálogos no Teatro: Educações, Crianças e Poesias”, da autoria de Maisa Antunes, que acompanhou a programação do Serviço Educativo, nos últimos dois anos, no contexto do seu projeto de doutoramento.
Este Seminário, integrado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, permitiu conhecer alguns dados e considerações a partir de muitos diálogos que Maisa Antunes foi estabelecendo com artistas, professores e alunos dos 4º, 5º e 6º anos dos Agrupamentos de Escolas de Canas de Senhorim, Carregal do Sal e Nelas, sobre arte, poesia e educação.
Para além da recolha de dados junto destes públicos da região abrangida pela intervenção da FLL, a investigadora entrevistou também crianças e adultos no contexto de “Sábados para a Infância”, da Escola da Noite, em Coimbra, assim como alunos e professores de escolas de Seia, Coimbra, Vila das Aves (Escola Básica da Ponte) e da zona da Bahia, no Brasil.
A partilha de alguns testemunhos de alunos permitiu identificar discursos semelhantes no que diz respeito, por exemplo, à relação com as linguagens artísticas, dentro e fora da escola: o contacto com as artes no interior da escola é associado à capacidade técnica, ao talento e à avaliação de desempenho; o contacto com as artes no exterior da escola (como é o caso do Serviço Educativo da FLL) é associado à liberdade de expressão, à partilha de ideias e opiniões e à satisfação pessoal. Na escola, as referências artísticas são sobretudo a literatura, por via da disciplina de Língua Portuguesa, e as artes plásticas, através da Educação Visual e Tecnológica. Fora da escola, os alunos reconhecem explicitamente uma maior diversidade no acesso às expressões artísticas.
Quando questionados sobre poesia, revelaram-se, muitos deles, verdadeiros poetas, falando de sentimentos, de histórias de vida de escritores, de segredos e de acontecimentos tão improváveis quanto surpreendentes. Em Portugal, alguém disse: “A poesia ensina-nos a viver um bocadinho tudo o que nos rodeia, e também nos ajuda a imaginar e a ser feliz” ou “na poesia, há uma vida inteira, pode ser a nossa ou não, mas acho que em alguns livros, em alguns textos, em algumas frases, em alguns versos, nós sentimo-nos dentro da personagem”; no Brasil, alguém disse: “a pessoa vai lendo, vai aprendendo, vai chorando, e também aprende as palavras que a gente fazia errado e vai fazer certo” ou “a poesia é uma coisa que eu acho que reconhece minha vida”.
No próximo ano, Maisa Antunes terminará o seu percurso de doutoranda, com a apresentação e defesa da tese final de doutoramento, que vai contribuir certamente para o enriquecimento da prática educativa, dentro e fora da escola, na sua relação com todas as formas de poesia, nas artes e na vida.