Exposição “O Mundo de Lobo Antunes” – 13 a 24 de abril 2024
Exposição “Proceed to the Route of Remembering” – 4 de maio a 14 de setembro de 2024
Foi inaugurado no dia 4 de maio de 2024 a exposição PROCEED TO THE ROUTE OF REMEMBERING. Inaugurada na presença de Vítor Garcia, autor da exposição e muitos amigos. Uma exposição que nos guia pela memoria e perspetiva do autor.
As linhas, sombras e manchas que vemos quando fechamos os olhos mais parecem vislumbres de pequenas percepções visuais cujas formas tentamos reproduzir numa folha de papel com a esperança de poderem, no desenho, significar alguma coisa. Podemos entendê-las de outra maneira: como se os olhos fechados quisessem guardar a memória dos traços visíveis antes vistos.
Que olhos são estes?
Que corpo é este? que “guarda” linhas, sombras e manchas no escuro
depois destas desaparecerem?
“A EXPERIÊNCIA TORNA-SE OBJECTO DE EXPERIMENTAÇÃO. AO MESMO TEMPO, O SUJEITO PROJECTA-SE NELE, COMO SE O MOVIMENTO DO FENÓMENO COINCIDISSE COM O MOVIMENTO DO PENSAMENTO. ISTO OFERECE À NOVA EXPERIÊNCIA CONSTRUÍDA UMA EXTRAORDINÁRIA PROXIMIDADE, OU MESMO FUSÃO COM O SUJEITO, O QUAL, NO ENTANTO, CONSERVA A POSSIBILIDADE DE MODULAR A SUA DISTÂNCIA COM O OBJECTO – PERMITINDO DESTA FORMA OBSERVÁ-LO, PENSÁLO, ENCARÁ-LO DE DIFERENTES PONTOS DE VISTA […]”
José Gil, in «Caos e Ritmo», p.367.
Com efeito, é através desta experiência, da repetição deste gesto de abrir e fechar os olhos que surgem — sem localização determinada, com uma presença efémera, transitória — linhas, sombras e manchas. Esses corpos flutuantes provocam outra forma de presença que rapidamente se transforma em ausência.
Abrem-se e fecham-se os olhos.
Suspende-se a explicação cientifica da fototransdução e abrem-se campos na nossa experiência interior a novos entendimentos sobre essas formas de contornos diversos que nos ativam memórias.
A suspensão da explicação científica permite agir diretamente sobre essas primeiras linhas, sombras e manchas. Só mais tarde, essas primeiras imagens revelam memórias e com elas surge a possibilidade de sermos envolvidos por uma atmosfera que transforma uma sombra inicialmente abstrata em sombras outras.
É neste jogo, de adormecer e acordar, de fechar e abrir os olhos que estas linhas, que estas sombras, que estas manchas se foram revelando.
No centro desta exposição encontra-se uma reflexão sobre a “memória do corpo” que entendemos sedimentar-se na memória dos lugares, dos objectos, dos movimentos, dos sons e aromas. Esta nossa experiência, deve ser entendida também, portanto, como um processo de investigação que reflete sobre a estrutura conceptual que temos vindo a desenvolver em torno dos temas da memória e da corporeidade utilizando linguagens artísticas como a fotografia, o vídeo, o áudio, ou outros meios plásticos.
Estamos gratos à Fundação Lapa do Lobo por acolher esta exposição e a todos os visitantes que tenham a possibilidade de a visitar.
Vítor Garcia