Uma família está reunida na sala da sua casa. Há um clima de tensa tranquilidade. Um desconhecido observa o exterior. O pai conta o que julga lembrar-se do que falou à mulher, do que sentiu e viveu; o que falou ao filho ou o que julga lembrar-se do seu diálogo com ele. O telefone toca e chega uma carta: são sinais de alguém (ou algo?) que os vigia e ameaça. O pai desaparece, mas antes de o fazer, despede-se, consciente de que não regressará. A mãe e o filho tentam agarrar-se às lembranças do pai, memórias desvanecidas que dão a sensação de nunca terem ocorrido. Exilam-se, vagueando por uma floresta, um território enevoado onde encontram vestígios do pai, mas as pistas confundem e aumentam a incerteza. Por um breve instante, o filho desaparece e, ao regressar, traz notícias do futuro: a mãe será degolada e ele também estará morto. Ao voltarem para casa, é a mãe quem desapareceu. O pai e o filho recordam obsessivamente a esposa-mãe desaparecida. Os acontecimentos repetem-se, mais ou menos da mesma maneira: sabem que alguém os vigia e que seguirão o mesmo caminho dela. A televisão, uma chamada telefónica e uma carta dão pistas sobre o paradeiro da mulher, mas as pistas voltam a confundir e a aprofundar o desespero. Fica evidente a fragilidade de uma família que não sabe se é vítima ou testemunha, se vai desaparecer ou se é apenas a memória dos que já desapareceram.

 

Elenco: Adérito Lopes, Carla Madeira, Diana Sousa Lara

Produção: Ines Von Bonhorst, Diego Fernando Montoya

Dramaturgia e Direção: Diego Fernando Montoya

Realização e Produção Audiovisual: Ines Von Bonhorst, Yuri Pirondi

Composição Musical e Desenho de Som: Juan Jacobo Restrepo